sábado, 13 de fevereiro de 2010

meu pai e carlos heitor cony

há algum tempo atrás li um livro do cony chamado "quase memória quase romance", o corpo do texto do livro esta pautado em um envelope que o autor recebeu do seu pai, mesmo que seu pai tenha morrido a alguns anos, o contato com esse envelope faz com que o autor entrasse em uma grande nostalgia do seu pai já falecido.
pois bem, meu pai não morreu, algo que desejo que dure bastante para acontecer, além do mais quero morrer antes dele. mas essa semana eu e meu irmãos, muh e pequeno, tivemos vários momentos nostálgicos em relação ao nosso pai, em especial os "provérbios" utilizado por ele.
sei que não tenho, nem nunca terei, a capacidade do cony de escrever, mas colocarei algumas situações em que meu pai usa um vocabulário muito próprio.
meu pai é do tipo duro e que sempre faz piadinhas das mais duras, mas quando ele quer provocar alguém ele o chama de "catatumba", isso mesmo, para meu pai isso como uma provocação.
caso meu pai vá fazer alguma referência à alguém que ele considere desprezível ele no finaliza com singelo "cuscuz de fumo", como se disse essa pessoa não vale nada.
quando meu pai encontra uma situação sem sentido ele fala que aquilo está errado e que é "o mesmo que comparar frei damião com um pneu de caminhão", isso sim é uma coisa muito sem sentido.
mas quando meu pai está puto quando alguém fez alguma coisa pela metade ele resmunga que "é o mesmo que cagar e não limpar o furico", quando ele faz essa citação é que ele está começando a ficar bravo.
mas meu pai está muito bravo quando ele começa com seu palavrões milaborantes tipo: "misera da goma do ossos", "essas 100 misérias" ou "esses 600 crancos", ai sim o homem está uma fera.
quando meu pai está em alguma conversa que ele discorda ou que não concorda, fala que aquilo tudo não passa de "miolo de pote". é como se dissesse que não está falando nada com nada. quando meu pai encontra alguém muito feliz ele diz " oh, zé batista no frevo". mas o mais estranho é o modo que ele chama os filhos dos conhecidos, pois todos tem um mesmo nome que é "januário de oliveira".
por essas e outras que meu pai é um herói, fico feliz de tudo que aprendi e o que não aprendi com ele. acho que no fundo ele sabe disso e que no fundo ele sabe que o amo, mesmo nunca tendo a oportunidade para dizer isso pessoalmente.